Tiago Tartari

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A lei de Conway – A influência na Estrutura Organizacional e na Arquitetura de Software

A lei de Conway é uma das leis mais famosas e importantes do mundo da tecnologia, que afeta diretamente o desenvolvimento do software. Ela foi formulada por Melvin Conway, um cientista da computação e matemático americano que escreveu o seguinte:

Qualquer organização que projeta um software inevitavelmente produz um design cuja a estrutura é uma cópia da estrutura de comunicação de uma empresa.

Em outras palavras, a lei de Conway afirma que o design de um sistema de software tende a refletir a estrutura da organização que o desenvolve. Isso significa que a forma como uma empresa é organizada, seus processos, sua comunicação e sua divisão de equipes influenciam diretamente a arquitetura do software produzido.

Mas por que isso é importante? Porque a arquitetura de software é um dos fatores que determinam a qualidade, a eficiência, a escalabilidade e a inovação de um produto ou serviço digital. Uma arquitetura de software adequada permite que o software seja desenvolvido de forma ágil, coesa, modular e adaptável, atendendo às necessidades e expectativas dos clientes e do mercado. Uma arquitetura de software inadequada pode levar a problemas de integração, performance, manutenção e evolução, comprometendo o sucesso do negócio.

Portanto, as organizações devem estar atentas à lei de Conway, e busquem alinhar a sua estrutura organizacional à sua arquitetura de software, ou vice-versa. Essa é a ideia da lei de Conway inversa, que propõe que a organização deve se adaptar à estrutura do software que deseja desenvolver, e não o contrário.

Amazon: como a lei de Conway influenciou a criação de times pequenos e autônomos

A Amazon é uma das maiores e mais inovadoras empresas de tecnologia do mundo, que oferece uma variedade de produtos e serviços digitais, como ecommerce, streaming, cloud computing, inteligência artificial, entre outros. Para conseguir desenvolver e manter esses produtos e serviços, a Amazon adotou uma estratégia de dividir suas equipes de desenvolvimento em unidades chamadas de two-pizza teams, que são pequenas o suficiente para serem alimentadas por duas pizzas. Essas equipes são responsáveis por cada aspecto do produto ou serviço que oferecem, e se comunicam entre si por meio de interfaces bem definidas.

Essa estratégia é um exemplo de aplicação da lei de Conway, pois mostra como a Amazon alinhou a sua estrutura organizacional à sua arquitetura de software. Ao criar times pequenos e autônomos, a Amazon reduziu a complexidade e a burocracia da comunicação entre as equipes, e aumentou a agilidade e a qualidade do desenvolvimento de software. Além disso, ao definir interfaces claras e padronizadas entre os serviços, a Amazon facilitou a integração e a escalabilidade do sistema, e permitiu que cada equipe pudesse escolher a tecnologia mais adequada para o seu serviço.

Netflix: como a lei de Conway inversa levou à migração de uma arquitetura monolítica para uma arquitetura de microsserviços

A Netflix é uma das maiores e mais populares empresas de streaming de vídeo do mundo, que oferece uma variedade de filmes, séries, documentários, animações, entre outros conteúdos. Para conseguir entregar esses conteúdos aos seus milhões de assinantes, a Netflix passou por uma grande transformação na sua arquitetura de software, que envolveu a aplicação da lei de Conway inversa.

No início, a Netflix usava uma arquitetura monolítica, que consistia em um único aplicativo que executava todas as funcionalidades e dependências do sistema. Essa arquitetura funcionava bem quando a Netflix tinha um número limitado de clientes e de conteúdos, mas começou a apresentar problemas quando cresceu e se expandiu para outros países. A arquitetura monolítica se tornou um gargalo para o desenvolvimento e a entrega de software, pois exigia muita coordenação e sincronização entre as equipes, muitos testes e validações, muitos recursos e custos de infraestrutura, e muitos riscos de falhas e indisponibilidades.

A solução encontrada pela Netflix foi migrar de uma arquitetura monolítica para uma arquitetura de microsserviços, que consiste em dividir o software em vários serviços menores e independentes, que se comunicam por meio de APIs. Essa migração também envolveu uma mudança na estrutura organizacional da Netflix, que passou a criar times multidisciplinares e autônomos, que eram responsáveis por cada serviço ou domínio de negócio.

Essa mudança foi um exemplo de aplicação da lei de Conway inversa, pois mostrou como a Netflix se adaptou à estrutura do software que desejava desenvolver, e não o contrário. Ao criar times e serviços independentes, a Netflix melhorou a comunicação e a colaboração entre as equipes, e aumentou a velocidade e a qualidade do desenvolvimento de software. Além disso, ao definir APIs claras e padronizadas entre os serviços, a Netflix facilitou a integração e a escalabilidade do sistema, e permitiu que cada equipe pudesse escolher a tecnologia mais adequada para o seu serviço.

Spotify: como a lei de Conway inversa inspirou a estrutura de squads e tribos

O Spotify é uma das maiores e mais famosas empresas de streaming de música do mundo, que oferece uma variedade de músicas, podcasts, playlists, entre outros conteúdos. Para conseguir entregar esses conteúdos aos seus milhões de usuários, o Spotify adotou uma estratégia de organização e arquitetura de software, que envolveu a aplicação da lei de Conway inversa.

Desde o início, o Spotify usou uma arquitetura de microsserviços, que consiste em dividir o software em vários serviços menores e independentes, que se comunicam por meio de APIs. Essa arquitetura permitiu que o Spotify desenvolvesse software de forma ágil, coesa, modular e adaptável, atendendo às necessidades e expectativas dos usuários e do mercado. No entanto, essa arquitetura também trouxe alguns desafios, como a coordenação e a integração entre os serviços, a padronização e a segurança das APIs, e a gestão e o monitoramento do sistema.

A solução encontrada pelo Spotify foi criar uma estrutura organizacional que se adequasse à sua arquitetura de software, seguindo a ideia da lei de Conway inversa. Também criou unidades chamadas de squads, que são times pequenos e autônomos, que possuem uma missão clara e um conjunto de recursos para desenvolver uma parte do produto. Os squads se organizam em tribos, que são grupos de squads que trabalham em uma área similar do produto. Essa estrutura permite que o Spotify desenvolva software de forma ágil e inovadora, seguindo sua arquitetura de software.

Centauro: como a lei de Conway inversa influenciou na separação de um monólito em squads por jornada

A Centauro é um varejista esportivo, que oferece uma variedade de produtos e serviços relacionados ao esporte, como roupas, calçados, equipamentos, acessórios, entre outros. Para conseguir entregar esses produtos e serviços aos seus clientes, a Centauro passou por uma grande transformação na sua arquitetura de software, que envolveu a aplicação da lei de Conway inversa.

A arquitetura monolítica que embora suportava a empresa, se tornou um gargalo para o desenvolvimento e a entrega de software, pois exigia muita coordenação e sincronização entre as equipes, muitos testes e validações, muitos recursos e custos de infraestrutura, e muitos riscos de falhas e indisponibilidades. Entretanto, simplesmente não evoluir mais a plataforma seria um erro que colocaria o canal de venda online em risco.

O e-commerce da Centauro usava uma arquitetura monolítica, que consistia em um único aplicativo que executava todas as funcionalidades e dependências do sistema. Essa arquitetura, funcionava bem quando a Centauro tinha um número limitado de clientes e de produtos, mas para iniciar seu plano de crescimento, que inclusive incluia suas quase 200 lojas.

A solução encontrada foi a divisão em squads mesmo utilizando um software monilíto. A estratégia de usar a jornada do cliente para criar as squads, embora mais difícil e desafiadora no inicio, demostrou ao passar do tempo muito eficaz. Muitas squads entenderam que iniciar um processo de modernização daquela monolito em microsserviços poderia permitir uma maior experiência do cliente, melhorar o tempo de entrega dos produtos e serviços propostos e preparar os canais online para eventos de grande porte como a Black Friday.

Essa mudança foi um exemplo de aplicação da lei de Conway inversa, pois mostrou como a Centauro se adaptou à estrutura do software que desejava desenvolver, e não o contrário. Ao criar times e serviços independentes, a Centauro melhorou a comunicação e a colaboração entre as equipes, e aumentou a velocidade e a qualidade do desenvolvimento de software. Além disso, ao definir APIs claras e padronizadas entre os serviços, a Centauro facilitou a integração e a escalabilidade do sistema, e permitiu que cada equipe pudesse escolher a tecnologia mais adequada para o seu serviço.

Oportunidades e possíveis dificuldades de aplicar a lei de Conway e a lei de Conway inversa

Aplicar a lei de Conway e a lei de Conway inversa pode trazer muitas oportunidades e benefícios para o desenvolvimento de software e o negócio, mas também pode envolver alguns desafios e obstáculos, que devem ser considerados e superados. Nesta seção, nós vamos abordar alguns desses aspectos, e sugerir algumas formas de lidar com eles.

Oportunidades

As oportunidades de aplicar a lei de Conway e a lei de Conway inversa são:

  • Melhorar a qualidade e a eficiência do software, ao criar uma arquitetura de software que seja ágil, coesa, modular e adaptável, e que atenda às necessidades e expectativas dos clientes e do mercado.
  • Melhorar a comunicação e a colaboração entre as equipes, ao criar uma estrutura organizacional que seja clara, eficiente e alinhada com os objetivos e as expectativas do produto.
  • Melhorar a inovação e a competitividade do negócio, ao criar um ambiente que favoreça a criatividade, a autonomia, a responsabilidade e a experimentação das equipes, e que permita o lançamento de produtos e serviços inovadores e disruptivos.
  • Melhorar a satisfação e a motivação dos colaboradores, ao criar uma cultura que valorize o aprendizado, o feedback, o reconhecimento e o crescimento das equipes, e que proporcione um senso de propósito e de pertencimento aos colaboradores.

Dificuldades

As possíveis dificuldades de aplicar a lei de Conway e a lei de Conway inversa são:

  • Mudar a mentalidade e a cultura da organização, que pode estar acostumada a uma forma tradicional e hierárquica de trabalho, e que pode resistir ou temer as mudanças propostas pela lei de Conway e a lei de Conway inversa.
  • Definir e implementar a arquitetura de software e a estrutura organizacional adequadas, que podem variar de acordo com o tamanho, o escopo, a demanda, a tecnologia e o objetivo do software, e que podem exigir um planejamento, um design e uma execução cuidadosos e criteriosos.
  • Coordenar e integrar os times e os serviços, que podem ter diferentes tecnologias, processos, padrões e culturas, e que podem gerar conflitos, inconsistências, redundâncias e dependências no sistema.
  • Gerenciar e monitorar o sistema, que pode ter uma complexidade e uma diversidade maior, e que pode requerer mais recursos e custos de infraestrutura, segurança, testes, validações e manutenções.

Conclusão

A análise da aplicação da lei de Conway e sua forma inversa nas organizações modernas revela um panorama de oportunidades e desafios. Empresas como Amazon, Netflix, Spotify e Centauro demonstraram que alinhar a estrutura organizacional com a arquitetura de software pode resultar em melhorias significativas na qualidade, eficiência, inovação e competitividade do negócio. Contudo, tal alinhamento requer mudanças na cultura organizacional, planejamento cuidadoso e uma abordagem adaptativa para enfrentar as dificuldades inerentes à integração de equipes e tecnologias diversas. A lei de Conway, portanto, surge não apenas como um conceito teórico, mas como um princípio prático e dinâmico que pode orientar as organizações no desenvolvimento de soluções de software mais coesas e adaptáveis às demandas do mercado atual.

FAQ: Perguntas Frequentes

1. Como a lei de Conway influencia a arquitetura de software em uma organização?

A lei de Conway sugere que a arquitetura de um software tende a imitar a estrutura de comunicação da organização que o desenvolve. Isso significa que a forma como uma empresa está organizada – incluindo seus processos, comunicação interna e divisão de equipes – influencia diretamente o design e a funcionalidade do software produzido.

2. De que maneira a Amazon aplicou a lei de Conway para melhorar o desenvolvimento de seus softwares?

A Amazon aplicou a lei de Conway ao dividir suas equipes de desenvolvimento em “two-pizza teams”, que são pequenas o suficiente para serem alimentadas por duas pizzas. Essas equipes autônomas são responsáveis por aspectos específicos de um produto ou serviço, com comunicação clara e interfaces bem definidas. Isso reduziu a complexidade na comunicação entre as equipes, aumentando a agilidade e a qualidade no desenvolvimento de software.

3. Como a lei de Conway inversa foi implementada pela Netflix?

A Netflix implementou a lei de Conway inversa ao migrar de uma arquitetura de software monolítica para uma de microsserviços. Essa mudança envolveu reestruturar a organização em equipes multidisciplinares e autônomas, cada uma responsável por um serviço ou domínio de negócio específico. Isso permitiu uma melhor comunicação e colaboração entre as equipes, além de aumentar a velocidade e a qualidade do desenvolvimento de software.

4. De que forma a estrutura de squads e tribos do Spotify foi inspirada pela lei de Conway inversa?

O Spotify adotou a lei de Conway inversa criando uma estrutura organizacional composta por squads e tribos. Os squads são pequenos, autônomos e focados em uma parte específica do produto, enquanto as tribos são agrupamentos de squads trabalhando em áreas similares. Essa estrutura permitiu que o Spotify desenvolvesse software de forma mais ágil e inovadora, alinhando a organização com sua arquitetura de microsserviços.

5. Quais são os desafios enfrentados ao aplicar a lei de Conway e a lei de Conway inversa?

Ao aplicar estas leis, as organizações podem enfrentar desafios como mudar a mentalidade e a cultura organizacional, que muitas vezes está acostumada a uma abordagem mais tradicional e hierárquica. Além disso, é necessário um planejamento cuidadoso para definir e implementar a arquitetura de software e a estrutura organizacional apropriadas, e enfrentar desafios na coordenação e integração de equipes e serviços com tecnologias, processos e culturas diferentes.

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Tiago Tartari

Eu ajudo e capacito pessoas e organizações a transformar problemas complexos em soluções práticas usando a tecnologia para atingir resultados extraordinários.

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